segunda-feira, 21 de abril de 2014

Dois sonetos

Frutos de um feriado dedicado a duas leituras políticas, a de O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, e a de O Conceito do Político, de Carl Schmitt, me apareceram esses dois sonetinhos. São tentativas iniciais de trabalhar com a forma soneto (ou como diz Jorge Luis Borges, de treinar a mão), e também são alfinetadinhas carinhosas nos amigos que sempre me ensinam, cada vez mais, o que é a política. Digo, nas redes sociais, que não devem ser levados a sério; aqui, não preciso dizê-lo. Alguém já levou alguma coisa escrita nesse blog a sério? Porque se levou... Baby, you got it all wrong. ;)

Soneto Maquiavélico

Temente apenas à sua própria mão
E justo quando há olhares ao redor
Prudente em ter a lâmina maior
que o código de leis de seu bolsão.

Por outros nobres tido como irmão,
Por saber nomes e brasões de cor,
Defende-se de seu berço menor
E é de berços menores campeão.

Não outorgou-lhe o sangue, mas a espada
o mando do que chama hoje de lar,
lar onde a gente canta governada.

Veio a mão dum tirano decepar
E ao tê-la no castelo pendurada
Se faz temer ainda mais que amar.


Soneto Schmittiano

Não cabe a mim dizer se é belo ou feio,
De um ato, se é bondosa a natureza,
Se é lucrativa ou onerosa a empresa;
São tais distinções inútil rodeio.

Digo aos que ainda me julgam com receio,
que a guerra, para mim, não tem beleza,
não traz dinheiro ou bem, mas é coesa,
e a coesão reside no seu seio.

Se falo em definir os inimigos
Não é pensando em quem vou destruir,
E sim de modo a organizar perigos.

Política, em essência, é definir
a quem não cabem mais quaisquer castigos
a não ser o de cessar de existir.

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